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Baixar áudioPara os brasileiros, garantir a criação de empregos e reduzir a carga tributária são os temas prioritários para a economia nos próximos dois anos. É o que aponta a 65ª edição da pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
O levantamento, realizado pela Nexus, mostra que, para 30% dos entrevistados, é fundamental criar novos postos de trabalho e, para 28%, a urgência está em diminuir os impostos.
Indústria completa nove meses sem confiança, aponta pesquisa da CNI
Brasileiros têm dificuldade para localizar e entender normas que devem cumprir, aponta pesquisa
A criação de empregos figurou como principal preocupação entre as mulheres, pessoas com renda de até cinco salários-mínimos, desempregados e que vivem nas regiões Sudeste, Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país. Já para os homens, pessoas com renda acima de cinco salários mínimos e os que vivem na região Sul, a prioridade deve ser reduzir impostos.
“A carga tributária do brasileiro é muito elevada. Não à toa essa percepção de redução dos impostos como uma das prioridades não espanta e não vem de hoje, é também uma prioridade para empresários em pesquisas voltadas para esse público e é um ponto de atenção muito grande”, explica o gerente de Análise Econômica da CNI, Marcelo Azevedo.
Fora da pauta econômica, a criação de empregos cai para a terceira colocação de prioridades (ver lista abaixo). Saúde é o tema mais importante para 43% dos entrevistados, independentemente da região onde mora e condição do município, escolaridade, renda, sexo, idade e condição em relação à força de trabalho.
Entre os assuntos relacionados à saúde, para 23% é fundamental priorizar o combate à corrupção e o desvio de verbas. Seguido de contratar médicos e enfermeiros (21%), reduzir filas ou espera para consultas e atendimentos, e melhorar as condições dos hospitais e postos de saúde – ambos com 20%.
Na sequência de temas prioritários, aparece a educação, apontada como prioridade por 28% da população — com exceção daqueles que têm pós-graduação completa, que colocam o controle da inflação em segundo lugar.
Segundo Azevedo, o combate ao uso de drogas nas escolas é a principal demanda em educação (18%). Em seguida, aparecem: segurança nas escolas (16%); aumento do salário dos professores (15%); e melhoria na capacitação docente (14%).
A percepção de prioridades na educação está relacionada à idade dos entrevistados. Pessoas entre 16 e 24 anos – faixa etária que está concluindo ou acabou de concluir o Ensino Médio – é urgente melhorar a segurança das instituições de ensino. Para os que têm entre 25 e 44 anos, é essencial oferecer cursos técnicos ou profissionalizantes. Entre os que têm de 45 a 64 anos, o destaque é o combate ao uso de drogas. Já os idosos, com 65 anos ou mais, defendem que a prioridade seja o aumento do salário dos professores.
Para 23% dos entrevistados, o combate ao tráfico de drogas deve ser a prioridade da área de segurança pública. Em seguida, aparecem o combate à corrupção policial (21%), o aumento do efetivo de policiais nas ruas (17%) e a redução da maioridade penal (15%). Os resultados são diferentes quando o recorte é a população de 16 a 24 anos. Para eles, o combate à corrupção policial é prioritário.
A Nexus entrevistou presencialmente 2.013 pessoas com idade a partir de 16 anos, nos 26 estados e no Distrito Federal, entre 29 de abril e 5 de maio. A margem de erro no total da amostra é de 2 pontos percentuais, com intervalo de confiança de 95%. A amostra é controlada a partir de quotas de sexo, idade, região e escolaridade.
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Baixar áudioA educação a distância veio para ficar. Com o avanço da tecnologia e a rotina cada vez mais corrida, o ensino virtual se tornou alternativa de qualificação profissional para muitos brasileiros. Em localidades distantes dos grandes centros, é a modalidade que garante acesso à educação.
Uma opção para quem vive uma dessas situações é o SENAI Play, do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI). A plataforma oferece mais de 1,5 mil cursos gratuitos em áreas estratégicas para o desenvolvimento da indústria brasileira, como tecnologia da informação, negócios e gestão, logística, alimentos e bebidas, educação financeira, meio ambiente e sustentabilidade, entre outros temas.
Desde o lançamento, em 2020, cerca de 680 mil pessoas participaram de, pelo menos, um dos cursos rápidos disponíveis na plataforma. É necessário apenas ter acesso à internet e realizar um cadastro gratuito no site ou no aplicativo do SENAI Play. Não há exigência de escolaridade mínima ou idade. Apenas alguns cursos contam com pré-requisitos técnicos.
A plataforma SENAI Play disponibiliza conteúdos em vídeo, podcast e pelo WhatsApp. Conta ainda com os embaixadores, professores do SENAI que assumem o papel de comunicadores. Eles gravam vídeos em laboratórios reais, explicam processos industriais complexos e oferecem dicas sobre temas como mercado de trabalho. Os assuntos escolhidos respondem a demandas reais de sala de aula.
Um exemplo é o instrutor de Metalmecânica Roberto Mós, que atua como embaixador do SENAI Play. “Para mim, é um orgulho enorme, porque não se trata só de ensinar, mas de representar uma rede que também me transformou. Primeiro fui aluno e agora tenho a chance de inspirar novos alunos, mostrando que educação profissional abre caminhos que mudam a vida de qualquer pessoa”, relata.
Para a professora Letícia Lopes Leite, do Departamento de Ciências da Computação da Universidade de Brasília (UnB), a educação a distância responde às atuais demandas da sociedade. “Em um momento em que temos uso expressivo de tecnologia, pessoas trabalhando em diferentes horários, diferentes localidades, com diferentes necessidades e disponibilidades, a educação a distância se torna a modalidade mais adequada, porque dá condições para os estudantes terem acesso ao ensino em locais e tempos diversos, diferente de cursos de instituições que atuam 100% presenciais”, ressalta.
A professora destaca ainda a importância de buscar instituições reconhecidas: “A oferta de cursos EaD [Educação a distância] gratuitos é muito importante, sobretudo quando são feitas por instituições reconhecidas. Então, Sistema S, universidades que oferecem muitos cursos a distância, principalmente de formação continuada, e em temas muito relevantes e atuais.”
Um dos desafios da modalidade é manter o aluno atento ao conteúdo. Promover a interação e alternar as linguagens podem ajudar a garantir a atenção e o aprendizado. É o que sugere o especialista em Design Pedagógico para EaD e empreendedor social, Gianmarco Bisaglia. “Fazer um EaD e ter o aluno como passivo não funciona. Ele tem que ser colocado do ponto de vista de aprendiz. Então, é importante que esses conteúdos se valham de técnicas diferentes.”
A relevância do ensino a distância se reflete nos números: quase metade das matrículas de nível superior são na modalidade virtual, que cresceu mais de 230% entre 2018 e 2023, de acordo com o Ministério da Educação (MEC).
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Baixar áudioO desenvolvimento da tecnologia e da inovação tem aumentado a demanda por profissionais que dominam áreas como robótica, inteligência artificial, energia renovável, automação, entre outras áreas cada vez mais presentes nas atividades industriais. De acordo com o Mapa do Trabalho Industrial 2025-2027, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), até 2027, o mercado precisará de 14 milhões de profissionais para atender as necessidades da chamada indústria 4.0.
O relatório aponta que a maior demanda será na região Sudeste, com 7 milhões de vagas, seguida da região Sul, com 3 milhões, Nordeste, com 2 milhões, Centro-Oeste, com 1 milhão e 200 mil e Norte, com uma demanda prevista de 671 mil trabalhadores.
A escassez de mão de obra tende a gerar vagas com estabilidade e salários acima do mercado. A tendência do surgimento de novas profissões, mais alinhadas ao atual cenário de inovação, é mundial. De acordo com o Relatório sobre o Futuro dos Empregos 2025, publicado em janeiro pelo Fórum Mundial Econômico, 170 milhões de novos postos de trabalho serão criados até 2030, impulsionados por tendências como inovação tecnológica, transição verde, mudanças demográficas, fragmentação geoeconômica e incertezas econômicas.
Na tentativa de suprir a demanda e garantir o fortalecimento industrial no Brasil, o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) oferece uma série de formações nas áreas com maior escassez. É o que explica o gerente de Educação Profissional e Superior do SENAI, Mateus Simões.
“Precisamos formar uma grande quantidade de profissionais em áreas de real demanda da indústria brasileira”, destaca Simões. “No planejamento desta oferta, o SENAI avalia o comportamento do mercado, as principais profissões que a indústria está demandando e então realiza sua oferta para os diversos setores de todo o Brasil.”
Entre as áreas de maior interesse, estão tecnologia da informação e comunicação, alimentos e bebidas, construção civil, energia e mais recentemente formações em inteligência artificial. “Especificamente sobre este último tema, desenhamos um grande programa de formação de líderes e profissionais com o objetivo de aplicar inteligência artificial nas indústrias de forma segura, estratégica e que traga benefícios de competitividade”, detalha o gerente.
Entre as iniciativas do SENAI, está a plataforma Futuro.Digital, que oferece cursos como IA & Data Science, Desenvolvimento Multiplataforma, entre outros na área de tecnologia.
O SENAI está com mais de 84 mil vagas abertas em cursos gratuitos e pagos, segundo o último levantamento quinzenal feito pela Agência de Notícias da Indústria. A oferta contempla tanto cursos presenciais nas unidades do SENAI espalhadas pelo país quanto cursos no Futuro.Digital, plataforma online de educação da instituição.
Do total, 9,9 mil vagas são oferecidas diretamente pelas escolas do SENAI em estados selecionados, enquanto a plataforma Futuro.Digital reúne 74,3 mil vagas em diferentes modalidades de ensino, desde microcursos até pós-graduação e MBA.
Copiar o textoSetor mostra sinais de desaceleração, impactado pela política monetária restritiva
Baixar áudioA indústria brasileira iniciou o segundo semestre em situação de estabilidade. É o que apontam os indicadores industriais de julho, divulgados nesta terça-feira (9) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A exceção foi a Utilização da Capacidade Instalada (UCI), que recuou 0,4% em relação a junho, reforçando a tendência de queda observada desde abril de 2024.
Segundo a CNI, a trajetória negativa da UCI evidencia o peso da política monetária restritiva sobre a indústria. Ainda assim, no acumulado de janeiro a julho, os indicadores registraram alta em relação ao ano passado. O faturamento real avançou 5,1%, as horas trabalhadas cresceram 2,5% e o emprego subiu 2,3%.
O faturamento real teve aumento de 0,4% em julho, interrompendo a sequência de quedas do primeiro semestre. Ainda assim, o indicador acumula retração de 1,3% em relação a julho de 2024. O número de horas trabalhadas permaneceu estável (+0,1%), mas teve alta acumulada de 2,5% em relação a 2024.
Já o índice de emprego industrial avançou apenas 0,2% em relação a junho, mas cresceu 2,3% frente ao mesmo mês do ano anterior. Para a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Larissa Nocko, o mercado de trabalho permanece aquecido, com taxas de desocupação cada vez menores.
“Isso tem gerado uma pressão sobre os rendimentos do trabalhador. E isso acontece na economia como um todo. No caso da indústria de transformação, a pesquisa mostra que o emprego tem mostrado estabilidade já há alguns meses, sugerindo que isso pode mostrar um início de desaquecimento do mercado de trabalho no setor”, detalha. Entre junho e julho, a massa salarial e rendimento médio real também mostraram variações mínimas, de 0,1% e 0,3%, respectivamente.
Para o economista-chefe da Análise Econômica, André Galhardo, a indústria brasileira segue operando em nível elevado, apesar das medidas restritivas impostas pelos Estados Unidos às exportações brasileiras e da atual taxa de juros, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom).
“A taxa real de juros está muito alta. Isso tem penalizado empresas e famílias. De modo geral, podemos ver uma queda da taxa de juros a partir de dezembro. Isso pode colaborar para uma retomada, ainda que de forma muito gradual, da produção e das vendas da indústria no Brasil”, analisa Galhardo.
O dado mais negativo do levantamento foi a UCI, que caiu para 78,2% em julho, 1,6% abaixo do registrado no mesmo mês de 2024. Desde abril do ano passado, quando atingiu 79,7%, o indicador segue trajetória de queda.
Para a CNI, o movimento reflete os efeitos da política monetária restritiva, que limita crédito e demanda e, consequentemente, reduz o ritmo da atividade industrial. “Desde que a UCI atingiu o seu ponto máximo dos últimos dois anos, que foi em abril de 2024, o indicador vem mostrando uma trajetória gradual de queda, que também vem em linha com o comportamento da indústria, a partir do segundo semestre de 2024, que vem mostrando um desempenho um pouco mais enfraquecido”, informa Nocko.
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Baixar áudioInvestir em acesso à cultura é uma forma de fortalecer a economia brasileira. É o que aponta estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) sobre o SESI Lab, museu de arte, ciência e tecnologia localizado na área central de Brasília (DF). As atividades do museu movimentaram R$ 117,3 milhões no ano passado e geraram mais de 1,4 mil empregos diretos e indiretos.
Do total, R$ 70,9 milhões representam impactos diretos – investimentos realizados pelo próprio museu – como gastos operacionais e gastos dos visitantes, como comércio local, restaurantes, transporte e hotéis. Os outros R$ 46,4 milhões referem-se a impactos indiretos, como a aquisição de bens e serviços por setores da cadeia produtiva para atender ao museu, como manutenção, energia, logística e segurança.
O estudo de impacto econômico da FGV indica ainda que, para cada R$ 1 investido no museu, R$ 3,10 retornaram como movimentação econômica. Entre os fatores considerados estão os serviços contratados, gastos de visitantes, geração de renda para a população e recolhimento de tributos.
Para a gerente de Desenvolvimento Institucional do SESI Lab, Cândida Oliveira, os dados mostram a importância de equipamentos desse porte para o fortalecimento da economia criativa. “Estudos como esse nos ajudam a tangibilizar, numa linguagem muito acessível aos players econômicos, os resultados do funcionamento de um equipamento desse porte e dessa natureza”, ressalta.
A metodologia do estudo permitiu acompanhar o percurso do dinheiro ao longo da cadeia produtiva em 67 atividades econômicas e verificou que o impacto não se restringe ao Distrito Federal. A interação de diferentes atores da cadeia produtiva movimenta diversos setores, alcançando a economia de todo o país.
Inaugurado em novembro de 2022, o SESI Lab é um museu pioneiro no Brasil. Totalmente interativo, suas instalações e exposições têm como proposta a divulgação de conhecimentos científicos e tecnológicos por meio da experimentação. Instalado no antigo Touring Club – um prédio de 7,8 mil metros, desenhado por Oscar Niemeyer, que foi revitalizado para a instalação do museu. A área externa também conta com instalações que permitem entender, de forma empírica, um pouco do conhecimento das leis da física.
O museu é aberto ao público em geral e recebe excursões de estudantes das redes pública e privada de todo o Distrito Federal. A estudante Iasmin Oliveira esteve pela primeira vez no SESI Lab em 2023, em uma visita organizada pelo Centro de Ensino Fundamental 03 do Gama, Região Administrativa a pouco mais de 30 quilômetros do centro da capital.
“A minha experiência no SESI Lab foi bem interessante. Não passei muito tempo lá, mas o tempo que passei foi muito bom, porque realizamos atividades bem dinâmicas e muito legais. Conhecemos o espaço, que nunca tinha visitado e vi várias coisas diferentes. Achei bem legal também – o pessoal trata a gente muito bem”, relata.
Em quase três anos de funcionamento, o espaço já recebeu mais de meio milhão de visitantes. Desses, 122 mil eram estudantes, a maioria de escolas públicas. O museu promove uma série de oficinas, incluindo atividades voltadas para professores. Mais de dois mil profissionais da educação participaram das atividades formativas. Além disso, o SESI Lab realizou ações itinerantes em oito capitais, com público total de mais de 200 mil pessoas.
O espaço também promove atividades culturais, como o Night Lab, voltado para o público adulto, com experiências sobre tecnologia e apresentações musicais de artistas como Arnaldo Antunes e Tom Zé.
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Baixar áudioOs brasileiros enfrentam dificuldades para encontrar e entender as regras que devem cumprir. É o que aponta pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI), divulgada na última quarta-feira (4). Entre os entrevistados, 65% declararam que conseguem localizar normas e regras do país. No entanto, 58% deles afirmaram ter dificuldades para encontrá-las. Já 36% do total de entrevistados responderam não compreendê-las.
De acordo com o levantamento "Retratos da Sociedade Brasileira: Percepções sobre a Regulamentação", a idade e escolaridade são os fatores que mais influenciam no acesso e na compreensão das regras.
Entre os jovens de 16 a 24 anos, 72% conseguem encontrar as regras. Entre os entrevistados com 65 anos ou mais, esse índice cai para 56%. Além disso, quanto maior o nível de instrução, maior a facilidade em localizar e entender o conteúdo regulatório.
A pesquisa evidenciou que 56% dos brasileiros nunca participaram de algum processo de elaboração ou aplicação das normas. Entre os que participaram, 55% declararam dificuldades ao longo do processo.
Para a especialista em Políticas e Indústria da CNI, Maite Sarmet, o envolvimento da população na elaboração de regulamentações é fundamental para que as normas atendam o interesse público.
“A sociedade civil deve estar ciente dos requisitos necessários para que os produtos que consome cheguem na mesa com maior qualidade possível, por exemplo, e como muitas vezes os preços são reflexo de um ambiente regulatório complexo e insegurança jurídica que vem da imprevisibilidade do processo regulatório”, exemplifica.
Segundo Sarmet, o governo tem se empenhado para garantir maior participação da sociedade na elaboração de normas, como no caso do Brasil Participativo. A plataforma reúne informações sobre processos que permitem a participação da população, como consultas públicas, e já registrou a contribuição de 1,6 milhão de pessoas desde o lançamento, em 2023. A especialista ressalta, contudo, a necessidade de ampliar a divulgação de processos participativos, com orientações mais acessíveis.
Ao analisar os desafios da participação cidadã no Brasil, o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Daniel Cara, aponta que não basta apenas criar ferramentas de consulta pública ou canais de escuta da população. É preciso que a sociedade desenvolva uma compreensão mais ampla de seu papel no processo democrático. “Toda a iniciativa de participação, como o Brasil Participativo, é um avanço, mas o que falta é uma cultura social, de compreensão de que as normas e leis, na verdade, pertencem a todos. É parte do nosso contrato social, da nossa forma de viver em sociedade”, avalia.
Ainda de acordo com a pesquisa, a idade impacta na percepção sobre a participação nos processos regulatórios: 53% das pessoas entre 18 e 24 anos declararam que é fácil ou muito fácil participar. Entre as pessoas com 65 anos ou mais, 62% afirmaram ter certa ou muita dificuldade em participar.
Entre os entrevistados, 45% afirmaram conhecer o empenho do governo federal para melhorar a qualidade do marco regulatório do país. Ainda assim, para 23% essa não é uma prioridade da gestão e 76% declararam que a atenção é insuficiente ou que a agenda pode ser fortalecida e ampliada.
A pesquisa foi elaborada a partir dos dados do Instituto de Pesquisa Nexus que ouviu 2.013 cidadãos com idades a partir de 16 anos em todas as Unidades da Federação. As entrevistas foram realizadas entre 29 de abril e 5 de maio de 2025.
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Baixar áudioAcionar o serviço de limpeza urbana local por aplicativo de celular, marcar consultas e exames em equipamentos públicos pela internet, contar com monitoramento eletrônico 24 horas que informa à polícia se houver algum crime. Esses são alguns dos exemplos de como a tecnologia tem se tornado uma aliada no dia a dia da população, sobretudo nos grandes centros urbanos.
As cidades inteligentes são uma tendência que cresce em todo o mundo, inclusive no Brasil. O país conta com um ranking das dez cidades mais inteligentes, atualizado anualmente. Florianópolis (SC), Vitória (ES) e São Paulo (SP) figuram nos primeiros lugares da lista.
“Uma cidade inteligente é aquela que, com o apoio da tecnologia, de dados, através desses artifícios, melhora a qualidade de vida das pessoas na cidade, a sustentabilidade e a eficiência dessas cidades”, explica a coordenadora do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unieuro, Hiatiane Cunha de Lacerda.
Hiatiane participou da elaboração da Carta Brasileira para Cidades Inteligentes, documento criado pelo governo federal, por meio do Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), para orientar gestores locais.
Na cidade de São Paulo, a tecnologia é uma aliada na prevenção e combate à violência e à criminalidade. Uma parceria entre a Arqia – uma das empresas líderes no segmento de Internet das Coisas no Brasil – e a empresa Gabriel garante o monitoramento por câmeras de diversos bairros. Atualmente, mais de 570 mil pessoas são beneficiadas.
“As câmeras da Gabriel, instaladas nas fachadas dos imóveis, usam o chip da Arqia, permitindo o monitoramento 24x7 dos imóveis e também estão integradas de forma colaborativa com a atuação das polícias Civil e Militar, tornando assim as cidades mais inteligentes e a vida de nós moradores mais seguras”, detalha o responsável por Marketing e Jornada do Cliente da Arqia, Eduardo Resende.
Em Santo André, no ABC paulista, a tecnologia simplifica o acesso ao governo municipal. Por meio de um aplicativo de celular, é possível acionar o serviço de limpeza urbana, por exemplo, para informar que uma árvore caída está impedindo a passagem dos pedestres. Esse é apenas um dos cerca de 500 serviços disponíveis à palma da mão do cidadão desde 2024, graças a uma parceria com o Colab. De acordo com a plataforma, 130 cidades brasileiras aderiram ao aplicativo, que permite participar, inclusive, de consultas públicas.
Em Florianópolis, a Arboran, startup especializada em diagnóstico e gestão de áreas verdes urbanas, investe no desenvolvimento de inteligência artificial para planos diretores digitais de arborização urbana. Com investimento de R$ 80 mil, concedido pelo programa Acelera Startup SC, a solução vai monitorar as árvores de toda a cidade e indicar pontos para plantio. O sistema da Arboran também calcula a quantidade de carbono estocada em cada árvore urbana para créditos de carbono.
A professora da Unieuro destaca que há inúmeras ações, por todo o Brasil, relacionadas à gestão eficiente de dados, diminuição de tempo trânsito, redução do consumo de energia, melhora na gestão de resíduos, entre outros temas. “Esse processo é contínuo, exige uma série de questões que estão vinculadas à inovação, que busca criar cidades cada vez mais justas, inclusivas e também sustentáveis para todas as pessoas e também para o nosso planeta”, ressalta.
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