Tarifaco

09/08/2025 23:30h

A medida visa mitigar os impactos econômicos ocasionados pelas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelos Estados Unidos

Baixar áudio

O vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que o governo pretende anunciar até terça-feira (12) o plano de contingência para auxiliar os setores impactados pelas tarifas de 50% sobre produtos brasileiros impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Alckmin explicou que o plano de socorro foi apresentado ao presidente Lula na quarta-feira (6) e aguarda o chefe de Estado “bater o martelo” para divulgá-lo.

“Ele foi apresentado ao presidente Lula, que terminou ontem tarde da noite o trabalho. O presidente vai bater o martelo e aí vai ser anunciado. Se não for amanhã, provavelmente na segunda ou terça-feira”, declarou o vice-presidente em entrevista na quinta-feira (7), no estacionamento do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

O plano de contingência

De acordo com Alckmin, o plano de contingência terá como foco o apoio aos segmentos mais afetados pelo tarifaço, com base no volume de transações comerciais com os Estados Unidos. A proposta também prevê uma escala de avaliação para medir a variação das exportações dentro de um mesmo setor

O economista-chefe da Análise Econômica de São Paulo, André Galhardo, avalia os efeitos das tarifas sobre a indústria da fruticultura.

“Alguns produtos cujo remanejamento das exportações é mais difícil, por questões sanitárias ou logísticas — como frutas — podem apresentar uma sobreoferta no mercado interno. Se não exportarmos mais ou reduzirmos significativamente o volume enviado aos Estados Unidos, dificilmente encontraremos outro mercado disposto a comprar esse excedente em tempo hábil, antes que esses produtos estraguem”, explica Galhardo.

O plano pretende diferenciar os produtos conforme o grau de exposição ao mercado norte-americano, a fim de implementar ações direcionadas para mitigar os impactos econômicos e evitar prejuízos aos produtores.

Com informações da Agência Brasil

Copiar textoCopiar o texto
07/08/2025 02:00h

Medida afeta 35,9% das exportações para os Estados Unidos e já provoca impactos econômicos no curto prazo

Baixar áudio

As tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, entraram em vigor nesta quarta-feira (6). A medida atinge 35,9% das mercadorias enviadas ao mercado norte-americano, o equivalente a cerca de 4% das exportações totais do Brasil.

Entre os produtos que passam a pagar a sobretaxa estão café, frutas e carnes. Por outro lado, aproximadamente 700 itens ficaram de fora do tarifaço, como suco e polpa de laranja, combustíveis, minérios, fertilizantes, aeronaves civis (motores, peças e componentes), polpa de madeira, celulose, metais preciosos, energia e produtos energéticos.

O economista-chefe da Análise Econômica de São Paulo, André Galhardo, avalia que os principais efeitos da medida já começam a ser sentidos no curto prazo, com possíveis consequências inflacionárias ou desinflacionárias no país.

“Alguns produtos cujo remanejamento das exportações é mais difícil, por questões sanitárias ou logísticas — como frutas — podem apresentar uma sobreoferta no mercado interno. Se não exportarmos mais ou reduzirmos significativamente o volume enviado aos Estados Unidos, dificilmente encontraremos outro mercado disposto a comprar esse excedente em tempo hábil, antes que esses produtos estraguem”, explica Galhardo.

Segundo ele, essa sobreoferta pode pressionar os preços para baixo e, assim, contribuir para uma desaceleração da inflação no Brasil. “Acho que os primeiros impactos de curto prazo são esses: uma diminuição, ainda que temporária, da inflação”, afirma.

Como a medida afeta o bolso do consumidor?

O tarifaço pode afetar diretamente o bolso do consumidor brasileiro. Com mais produtos disponíveis no mercado interno, os preços tendem a cair. No entanto, Galhardo alerta que essa relação não é automática.

“Alguns exportadores de carne bovina, por exemplo, deixaram de abater animais para equilibrar a oferta e a demanda, já que agora exportam menos para os Estados Unidos. No caso das frutas, se não houver nenhum movimento para ‘queimar’ os estoques, certamente haverá maior oferta ao consumidor brasileiro, o que pode contribuir para a desaceleração da inflação, atualmente acima do teto da meta”, conclui.

Efeito indireto na economia

O economista também destaca que os impactos vão além dos setores diretamente atingidos, como o café e a carne bovina. De acordo com ele, é inadequado relativizar os efeitos da medida neste momento.

“Claro que os produtores de café e os frigoríficos serão afetados, mas não apenas eles. Existem efeitos indiretos que podem se propagar pela economia. Embora represente uma fração do Produto Interno Bruto, o aumento das tarifas pode ter impacto no câmbio e provocar uma redução no nível de atividade econômica de forma indireta, por meio de um efeito transbordamento”, observa.

Efeito sobre o câmbio

Galhardo ainda avalia que “o processo de valorização da moeda brasileira pode ser suavizado ou até mesmo revertido ao longo das próximas semanas”, devido às barreiras tarifárias.

Com menos exportações, há uma redução na entrada de dólares no país, o que pode afetar o fortalecimento do real observado desde o início de 2025.

Copiar textoCopiar o texto
26/07/2025 00:00h

Tarifaço: Indústria organiza missão empresarial aos EUA para discutir possível aplicação das medidas tarifárias

Baixar áudio

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai organizar uma missão empresarial aos Estados Unidos nas próximas semanas, para discutir a possível aplicação da tarifa de 50% sobre produtos brasileiros importados. O anúncio foi feito nesta sexta-feira (25) pelo presidente da entidade, Ricardo Alban, durante reunião do Fórum Nacional da Indústria, em São Paulo.

“Não devemos perder a razão neste momento, mas também não podemos cruzar os braços. Queremos ir aos Estados Unidos conversar de empresa para empresa e defender os nossos interesses comerciais”, afirmou Alban.  

A medida anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, há duas semanas, pode entrar em vigor a partir de 1º de agosto, caso não haja acordo entre os dois países. 
O objetivo da missão, segundo Alban, é sensibilizar empresas brasileiras e norte-americanas sobre os impactos negativos da tarifa e contribuir com a mediação entre os governos, sem interferir diretamente nas negociações oficiais. 

"Mas que nós possamos ser facilitadores, indutores, dessa convergência de negociações, de entendimentos. Uma mesa de negociação sem a presença política e geopolítica do tema, mas sim com os assuntos comerciais e econômicos, para que essa relação tão importante e tão longeva [entre] Brasil e Estados Unidos seja preservada", afirmou o presidente da CNI.
Alban ressaltou ainda que o setor mantém a expectativa de que a tarifa imposta seja suspensa ou, ao menos, adiada por 90 dias para ampliar o espaço para diálogo.

Investimentos bilaterais Brasil-EUA

Mapeamento elaborado pela CNI aponta que 2,9 mil empresas brasileiras têm investimentos nos EUA. Nos últimos cinco anos (2020-2025), 70 empresas nacionais anunciaram projetos em solo norte-americano. Destaques para a JBS (US$ 807 milhões), Omega Energia (US$ 420 milhões), Companhia Siderúrgica Nacional (US$ 350 milhões), Bauducco Foods (US$ 200 milhões) e Embraer (US$ 192 milhões).

Ainda de acordo com o estudo, os investimentos do Brasil nos Estados Unidos alcançaram um estoque de US$ 22,1 bilhões em 2024, uma alta de 52,3% em relação a 2014. Entre 2020 e 2024, empresas do país anunciaram mais de US$ 3,3 bilhões em novas operações nos EUA

Em contrapartida, os americanos acumularam US$ 357,8 bilhões em investimentos no Brasil no ano passado, um aumento de 228,7% em relação a 2014. Atualmente, segundo o estudo, há 3,6 mil companhias americanas operando no Brasil.  

Tarifaço: 1ª conversa entre Brasil e EUA

O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, afirmou, nesta quinta-feira (24), ter conversado com o secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, no último sábado. Esta foi a primeira conversa entre integrantes do alto escalão dos dois governos desde o anúncio do tarifaço.

“Foi uma conversa longa, colocando todos os pontos e destacando o interesse do Brasil na negociação”, disse o vice-presidente, que não entrou em detalhes sobre a resposta de Lutnick.

“Em vez de ter um perde-perde, com inflação nos Estados Unidos e diminuição das nossas exportações para o mercado americano, nós devemos resolver os problemas, aumentar a complementaridade econômica, a integração produtiva, investimentos recíprocos. Enfim, avançarmos numa agenda extremamente positiva”, afirmou.
 

Copiar textoCopiar o texto