17/07/2025 02:00h

Carta assinada por Alckmin e Mauro Vieira foi entregue pela embaixada em Washington; Câmaras de comércio nos EUA e no Brasil pedem suspensão de taxas

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A embaixada do Brasil em Washington protocolou uma carta junto ao governo dos Estados Unidos, nesta quarta-feira (16), pedindo a retomada do diálogo técnico sobre a suspensão das tarifas de 50% impostas às exportações brasileiras. A previsão é de que a taxação entre em vigor em 1º de agosto. O documento é assinado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, e pelo ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira.

Nesta quarta-feira, o vice-presidente conduziu a segunda rodada de reuniões com o setor produtivo para debater os impactos da tarifa. Alckmin disse que o Brasil vai explicar aos Estados Unidos os pontos citados na investigação comercial aberta pelo governo Donald Trump contra o Brasil. O Escritório do Representante do Comércio dos EUA (USTR) abriu processo e vai apurar se as práticas listadas são consideradas desleais.

Na terça-feira (15), a U.S. Chamber of Commerce e a Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Brasil) divulgaram nota conjunta na qual solicitam ao presidente Trump a suspensão das tarifas. No documento, as Câmaras de Comércio pedem que os governos dos dois países se engajem em negociações de alto nível porque a imposição pode causar graves danos tanto às relações econômicas entre Estados Unidos e Brasil, quanto aos consumidores finais. 

As instituições afirmam que mais de 6,5 mil pequenas empresas nos Estados Unidos dependem de produtos importados do Brasil e que 3,9 mil empresas norte-americanas têm investimentos no país. Além disso, o Brasil está entre os dez principais mercados para exportações dos Estados Unidos e é destino, a cada ano, de cerca de US$ 60 bilhões em bens e serviços norte-americanos.

Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o posicionamento dos grupos empresariais é “estratégico e emblemático”. “A manifestação da U.S. Chamber e da Amcham deixa claro que não estamos sozinhos. Contar com a voz ativa de líderes empresariais dos Estados Unidos fortalece nossas negociações e evidencia que essa medida é danosa não só para o Brasil”, afirmou Ricardo Alban, presidente da CNI.

Alban destaca que, se entrar em vigor, a tarifa pode gerar perda de mais de 110 mil empregos na indústria brasileira, ao mesmo tempo em que coloca em risco cadeias produtivas e pequenas empresas norte-americanas, que dependem de insumos brasileiros.

O presidente da CNI também tem defendido a resolução diplomática entre os países. “É essencial mantermos um tom técnico e construtivo, não político. Defendemos que o governo americano revogue a tarifa ou, no mínimo, adie sua entrada em vigor por 90 dias, permitindo um debate mais racional e equilibrado sobre seus impactos”, disse. 

EUA é o país mais prejudicado com aumento de tarifas

Os Estados Unidos tendem a ser os mais prejudicados com a escalada protecionista da Casa Branca, mostra levantamento feito pela CNI. As estimativas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) indicam que o Produto Interno Bruto (PIB) norte-americano pode encolher 0,37% em razão das tarifas adotadas contra o Brasil, a China e outros 14 países, além das taxas adicionais sobre as importações de automóveis e aço de qualquer origem.

O panorama foi feito com base em dados do IBGE, da UFMG e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).

Para o Brasil e a China, o impacto estimado é uma retração de 0,16% no PIB de cada país. O tarifaço ainda pode afetar a economia global, com uma queda de 0,12% no PIB mundial e uma redução de 2,1% no comércio internacional – o equivalente a US$ 483 bilhões.
 

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14/07/2025 04:05h

Governo deve oficializar nesta semana a criação do grupo para avaliar e negociar impactos com Washington

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinou, no domingo (13), a criação de um comitê interministerial para dialogar com os setores mais afetados pela sobretaxa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, aos produtos brasileiros. 

Segundo informações do Palácio do Planalto, há prioridade na oficialização do comitê, o que deve ocorrer até a próxima quarta-feira (16), quando serão conhecidos os integrantes e a dinâmica do grupo de trabalho. 

De acordo com o presidente Lula, a intenção é levantar dados e medir o impacto da ação de Trump entre os exportadores brasileiros. A partir disso, o governo terá insumos para tentar negociar com os EUA

Para o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, contemplando o setor produtivo, a formação do comitê é de “grande valia”. “O diálogo deve ser o caminho prioritário. A CNI, em parceria com entidades empresariais dos dois países, está pronta para contribuir tecnicamente na busca de uma solução negociada que reverta as tarifas e restabeleça a confiança”, afirmou Alban, em artigo publicado no jornal Valor Econômico, no domingo

O tarifaço, na avaliação da entidade, não tem fundamentos econômicos e caracteriza ruptura de uma relação comercial centenária. Assim, o momento requer atenuação das polarizações políticas e abertura de espaço negocial “amigável”. 

Respaldo econômico

O posicionamento da CNI se baseia no fato de que, há mais de 15 anos, os Estados Unidos registram superávit constante no intercâmbio de bens e serviços com o Brasil. Entre 2015 e 2024, o saldo positivo acumulado alcançou US$ 91,6 bilhões em mercadorias e US$ 256,9 bilhões em serviços, segundo dados oficiais norte-americanos.

Além disso, as alíquotas brasileiras são quatro vezes menores à alíquota nominal média de 11,2% registrada na Organização Mundial do Comércio. Em 2023, a tarifa aplicada pelo país sobre produtos norte-americanos foi de 2,7%. 

A sobretaxa anunciada pelo governo Trump também põe fim à previsibilidade que sustenta milhares de contratos de longo prazo, com consequências tanto para fábricas nacionais, quanto para fábricas dos Estados Unidos que dependem de componentes e de insumos brasileiros. No Brasil, o impacto direto envolve cerca de 10 mil empresas. 

Impactos na economia e na indústria

A CNI ressalta ainda que, em 2024, para cada R$ 1 bilhão exportado para os Estados Unidos, foram gerados 24,3 mil empregos; R$ 531,8 milhões em massa salarial e R$ 3,2 bilhões em produção. 

Ainda de acordo com a confederação, os EUA são o principal destino das exportações da indústria de transformação brasileira, setor que alcançou US$ 181,9 bilhões em exportações, em 2024. O valor representa aumento de 2,7% em relação ao ano anterior. O recorde foi motivado pelas exportações de bens de consumo não duráveis e semiduráveis, que cresceram 11% em relação a 2023.

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13/07/2025 13:14h

Alta dos juros e estoques elevados impactam na confiança das empresas em julho

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O Índice de Expectativas do setor industrial teve nova queda no mês de julho: com baixa de 1,2 ponto, chegou a 49,7 pontos. O indicador passou todo o 1º semestre de 2025 no campo negativo. Os dados fazem parte do Índice de Confiança do Empresário Industrial, o ICEI, divulgado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta sexta-feira (11).

Segundo a CNI, ao ficar abaixo dos 50 pontos, o índice revela que as perspectivas dos industriais são negativas até o final de 2025. Tanto para a economia, quanto para os próprios negócios. A última vez que o indicador ficou abaixo dos 50 pontos foi em janeiro de 2023, quando marcou 48,8 pontos. 

Índice de Confiança do Empresário Industrial

Neste mês de julho, o ICEI caiu 1,3 ponto, de 48,6 pontos para 47,3 pontos, chegando ao sétimo mês consecutivo de falta de confiança. É a segunda pior sequência negativa da história do indicador, atrás, somente, dos resultados observados na recessão econômica de 2015 e 2016. 

Entre os fatores que explicam a queda de confiança do empresário industrial, Larissa Nocko, especialista em Políticas e Indústria da CNI, destaca as taxas de juros ainda elevadas – que contribuíram para a retração da atividade industrial no primeiro trimestre, com crescimento de apenas 0,1% no PIB do setor – além de duas quedas consecutivas na produção industrial, conforme dados do IBGE.

Larissa Nocko também aponta o aumento do nível de estoques na indústria, em um cenário de estabilização dos indicadores relacionados à demanda por bens industriais, como outro fator que contribuiu para a queda do índice em julho. "Isso confirma também esse cenário de redução do ritmo de crescimento da atividade econômica, em particular da atividade industrial”, afirma a especialista.

Fonte: CNI

Mais sobre o ICEI

O Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) é uma pesquisa mensal da CNI que mede a confiança dos empresários da indústria. Para esta edição, foram consultadas 1,2 mil empresas, sendo 482 de pequeno porte; 442 de médio porte; e 285 de grande porte, entre os dias 1 e 7 de julho de 2025.


 

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10/07/2025 03:00h

Aportes beneficiam cinco regiões e visam impulsionar logística e economia local

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Junto com o setor produtivo, o Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) anunciou o aporte de R$ 4,72 bilhões para implantação e ampliação de 9 terminais em 6 estados brasileiros. Os investimentos visam alavancar o escoamento da produção do país via Amapá, Pará, São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul. A assinatura das autorizações dos Terminais de Uso Privado aconteceu nesta quarta-feira (9), em Brasília. 

Dos nove projetos contemplados, cinco referem-se à criação de novos terminais e quarto à expansão de estruturas já existentes. Vão receber investimentos terminais dos municípios de Itaituba e Barcarena/PA, Santana/AP, Cáceres/MT, Santos/SP, São João da Barra/RJ e Rio Grande/RS.  

Para o ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, os investimentos estão direcionados a regiões estratégicas do Brasil e, entre outros objetivos, buscam alinhar o setor portuário ao crescimento do agronegócio. O ministro citou os recordes anuais consecutivos da balança do agro, que impulsiona as exportações. 

“São mais de R$ 80 bilhões em dois anos de saldo na balança comercial. E o Brasil tem um potencial ainda maior, porque Ásia, Europa e América do Sul estão, cada vez mais, procurando o Brasil. E, para isso, a gente precisa estar com portos estruturados e de maneira descentralizada. Estamos fazendo esse dever de casa no dia de hoje: ampliando as operações portuárias no agronegócio”, afirmou Costa Filho.  

Segundo o MPor, as empresas responsáveis já podem iniciar as obras. A expectativa é que os empreendimentos gerem mais de 10 mil empregos diretos e indiretos nas fases de construção e operação. A previsão é que os primeiros canteiros de obras sejam montados ainda no segundo semestre de 2025, com operações começando progressivamente a partir de 2026.

Região Norte

Do valor total, o maior montante está destinado ao estado do Pará, com R$ 2,71 bilhões, divididos em quatro empreendimentos. Dois terminais de uso privado do município de Barcarena vão receber aportes de R$ 2,37 bilhões e de R$ 261 milhões. Já Itaituba vai contar com duas novas instalações voltadas à ampliação da capacidade de movimentação de granéis sólidos: uma com aporte de R$ 68,1 milhões e outra de R$ 13 milhões. 

Também no Norte, o Amapá vai receber R$ 377 milhões para modernização do terminal portuário na cidade de Santana, que atenderá a demanda por granéis líquidos e sólidos.

Região Centro-Oeste 

Em Mato Grosso, o município de Cáceres terá investimento de R$ 15,8 milhões para aprimorar a infraestrutura de um porto voltado ao escoamento de granéis sólidos.

Região Sudeste

No Rio de Janeiro, o terminal de São João da Barra vai contar com R$ 275,3 milhões para a ampliação da capacidade de movimentação de granéis líquidos.

Em São Paulo, o terminal de Santos será modernizado com R$ 1,24 bilhão voltado à melhoria da estrutura para o transporte de passageiros. O valor total para a região é de R$ 1,52 bilhão. 

Região Sul

No Rio Grande do Sul, o município de Rio Grande vai receber R$ 93 milhões para ampliar a capacidade operacional no transporte de granéis líquidos e sólidos.

Balanço

Em 2024, os portos brasileiros privados movimentaram 846,9 milhões de toneladas de cargas, impulsionados principalmente pelo transporte de minério de ferro, petróleo e seus derivados, além de grãos, com destaque para a soja. O setor segue em trajetória de crescimento: apenas entre janeiro e maio de 2025, os terminais privados movimentaram 341,4 milhões de toneladas, um avanço de 1% em comparação ao mesmo período do ano anterior, quando foram registradas 337,8 milhões de toneladas. 

Em maio deste ano, o desempenho foi ainda mais expressivo: as movimentações portuárias saltaram 8%, chegando a 76,1 milhões de toneladas, frente aos 70,4 milhões registrados em maio de 2024. O minério de ferro, o petróleo e seus derivados, além da soja, seguem como os principais motores desse crescimento.

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09/07/2025 03:00h

Acesso à informação, cobertura vacinal, tratamento e diagnóstico são determinantes; hepatite A cresce entre jovens adultos

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Em 10 anos, o Brasil registrou uma redução de 50% no coeficiente de mortalidade por hepatite B. De 0,2 óbitos por 100 mil habitantes em 2014, passou para 0,1 óbitos por 100 mil habitantes em 2024. A contenção também foi verificada para hepatite C - menos 60% no mesmo período. Os dados são do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais do Ministério da Saúde, divulgado nesta terça-feira (8). 

A distribuição das hepatites por região segue concentrada com as hepatites B e C nos centros urbanos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste. A hepatite D está concentrada na Região Norte, em áreas remotas, com 72% dos casos registrados. Já a hepatite A, registrou queda global nas regiões Norte e Nordeste, onde, historicamente, teve maior incidência.   

Conforme o Ministério da Saúde, após entrar para o calendário vacinal em dose única para crianças entre 15 meses e 4 anos, a vacina contra a hepatite A
reduziu 99,9% dos casos entre pessoas menores de 10 anos. Em 2014, foram notificados 2.853 casos para a faixa etária; e 43 casos em 2024.

No entanto, a partir de 2022, houve aumento da doença nas regiões Sul e Sudeste. Os casos estão concentrados na população adulta entre 20 e 40 anos, na proporção de três homens para uma mulher. 

Para o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, o combate às hepatites virais compete à toda a sociedade. “Temos vacinas, temos testes, temos orientações claras de como se infecta. Sabemos como acontece o processo de transmissão. Cabe a cada um de nós, os profissionais de saúde, orientar e alertar as pessoas sobre isso. Cabe aos gestores dispor aquilo que o ministério distribui. E cabe à população procurar aproveitar as oportunidades ao máximo”, afirmou. 

Hepatite A

De acordo com Mario Gonzalez, coordenador-geral de Vigilância das Hepatites Virais, o aumento do número de casos de hepatite A entre jovens adultos reflete uma transição epidemiológica. No entanto, já existe uma estratégia de enfrentamento, via conscientização e vacina. 

“Nós tínhamos uma altíssima prevalência de anticorpos contra hepatite A na população geral porque as pessoas se contaminavam na infância. Aconteceu que o vírus está circulando menos, então os adultos jovens são mais suscetíveis e são suscetíveis ao contato, à transmissão com contato íntimo ou contato sexual. Por isso que nós fizemos uma estratégia de fornecer vacina”, explica Gonzalez. 

Segundo o coordenador, serão considerados população prioritária para vacina tanto o perfil registrado, quanto seus contatos íntimos: “É muito importante alguém que teve o diagnóstico de hepatite A comunicar aos seus contatos íntimos para que essas pessoas, em até 15 dias depois do contato, possam procurar a vacina”. 
 
Hepatite B

Mais de 50% dos casos de hepatite B ainda são de transmissão sexual, contudo houve queda de 55% na detecção da doença em gestantes ao longo desses 10 anos. Consequentemente, houve queda de 38% dos casos em menores de 5 anos.

Dados do Boletim epidemiológico mostram evolução na cobertura vacinal a partir de 2022. A primeira dose, que deve ocorrer de preferência nas primeiras 24 horas de vida, ou até 30 dias após o nascimento, passou de 72,7% para 94,19% em dois anos. A dose completa foi de 70% em 2019; 77% em 2022 e de 90% em 2024. 

Hepatite C

Para o Ministério da Saúde, a redução de 60% no coeficiente de mortalidade da hepatite C foi influenciada pela oferta dos antivirais de ação direta no Sistema Único de Saúde (SUS), a partir de 2014. 

Em 2024, 76% dos casos da doença se concentram em pessoas acima de 40 anos. Segundo o coordenador-geral Gonzalez, possivelmente, são pessoas que foram expostas a objetos cortantes na infância, entre os anos 1980 e 1990. Além disso, transmitida apenas através do sangue, há registro de aumento dos casos via relações sexuais. 

Hepatite D

A série histórica para a hepatite B segue com poucos casos, concentrados na Região Norte. Ao longo de 25 anos, há cerca de 4 mil casos relatados. A redução do número de casos da hepatite D acontece de duas formas: a partir da vacinação da hepatite B, já que para causar a infecção pelo vírus D é necessária a presença do vírus B; e pelo acompanhamento da carga viral das pessoas com hepatite B, de forma a evitar a evolução para a D. 

Julho Amarelo 

A divulgação do Boletim Epidemiológico de Hepatites Virais 2025 ocorre em meio ao Julho Amarelo, campanha nacional de conscientização sobre as hepatites virais. 

Acesse o Boletim na íntegra, neste link

O Ministério da Saúde incentiva que toda pessoa adulta faça o teste gratuitamente nas UBS, de forma a prevenir e a tratar as hepatites. Hepatite B pode ser controlada com medicações adequadas. Hepatite C tem cura. Mas todas podem ser prevenidas. 
 

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07/07/2025 01:00h

Ampliação do acesso, inflação setorial e tecnologias pressionam orçamento além do envelhecimento populacional

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Para se alinhar à média internacional de gastos em saúde, o Brasil precisa dobrar o investimento vigente: passar dos atuais 9,1% do PIB para 19%. A afirmação é do estudo “Cenários de longo prazo para a necessidade de financiamento da saúde”, da Instituição Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal. Apresentado nesta segunda-feira (7), em Brasília, o documento também afirma que o envelhecimento da população não é o principal fator de aumento dos custos em saúde até 2070.

O estudo projeta as necessidades de financiamento do Sistema de Atenção à Saúde brasileiro nos próximos 45 anos (2025-2070), tendo em vista as mudanças no perfil demográfico da população; a dinâmica da inflação setorial, somada à introdução de novas tecnologias; e a ampliação do acesso aos serviços de saúde. 

Segundo o IFI, se a despesa per capita com saúde no Brasil por faixa etária fosse igual à média observada entre os países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), passaria dos atuais R$ 5.027,5 para R$ 10.486,3, e poderia chegar a R$ 16.855,00 em 2050. A projeção considera tanto as despesas privadas quanto as públicas, incluindo todos os níveis federativos (União, estados e municípios).

A análise também concluiu que o financiamento da saúde se torna fiscalmente insustentável quando são incorporados outros fatores que afetam as despesas do setor. Entre esses fatores, estão a cobertura populacional dos serviços, a inflação e a tecnologia. 

Assim, para Alessandro Casalecchi, analista econômico e autor do estudo, – sob a ótica do Regime Fiscal Sustentável (RFS) – o principal desafio do Brasil nas próximas décadas é alocar o orçamento da saúde tendo em vista a sustentabilidade fiscal.  

“O atendimento pleno da necessidade de financiamento da saúde não é sustentável, ou seja, não é compatível com o atual arcabouço fiscal, se toda essa necessidade for atendida e não houver uma realocação de gastos. O que é muito difícil, porque outros gastos estão, por exemplo, na Previdência, que é uma despesa obrigatória que também cresce impulsionada por fatores semelhantes aos da Saúde”, disse o analista. 

De acordo com Casalecchi, a transição demográfica, que costuma ser vista como principal causa de crescimento da necessidade de financiamento em saúde, não é o fator mais relevante no cenário brasileiro para as próximas décadas. 

“O envelhecimento da população vai levar a um aumento da necessidade, mas não é o protagonista desse movimento. Quando a gente inclui outros fatores, como a ampliação de cobertura do sistema público para incluir os desassistidos e também inflação e tecnologia, temos um impacto mais significativo e a necessidade de financiamento passa a crescer de forma mais acelerada”, afirmou.

Leia o estudo na íntegra, neste link.

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