10/08/2025 02:00h

O Brasil detém 23% das reservas mundiais de terras raras, segundo o Serviço Geológico do Brasil (SGB), e busca ampliar o conhecimento geológico e transformar esse potencial em reservas explotáveis, apesar da produção atual ser inferior a 1% da mundial

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) informa que o País é o maior detentor global de reservas de nióbio (94%) – com 16 milhões de toneladas. No ranking global, é o segundo maior em reservas de grafita, com 74 milhões de toneladas (26%), e de terras raras, com 21 milhões de toneladas (23%). No caso do níquel, o Brasil possui a terceira maior reserva global, com 16 milhões de toneladas (12%) das reservas mundiais. Os dados são apresentados na publicação “Uma Visão Geral do Potencial de Minerais Críticos e Estratégicos do Brasil”, do SGB. “O trabalho que realizamos subsidia políticas públicas, orienta investimentos privados e fortalece a presença do Brasil em cadeias produtivas globais essenciais para a transição energética, segurança alimentar e o desenvolvimento tecnológico”, destaca o diretor-presidente do SGB, Inácio Melo.

Para Melo, os desafios do Brasil para as próximas décadas são ampliar o conhecimento geológico e transformar o enorme potencial geológico dos recursos minerais estratégicos em reservas minerais explotáveis e bem conhecidas. “Precisamos descobrir novas ocorrências e superar as limitações tecnológicas e logísticas”, afirmou. Apesar do potencial mineral, o país produziu, em 2024, apenas 20 toneladas de terras raras, menos de 1% da produção mundial, que foi de 390 mil toneladas.

Atualmente, a China lidera os volumes de suas reservas e produção de elementos terras raras, mas, sobretudo, na cadeia tecnológica de separação e refino para obtenção de óxidos de alta pureza (em inglês, REO). “Parcerias entre o SGB, outras ICTs e o setor privado serão o caminho seguro para o desenvolvimento de novas tecnologias que se tornarão a chave para o Brasil transformar recursos estimados em depósitos minerais medidos e viáveis economicamente”, destaca o diretor-presidente. A maior parte dos recursos medidos de Elementos Terras Raras (ETRs) no Brasil está concentrada, principalmente, nos estados de Minas Gerais, Goiás, Amazonas, Bahia, além de Sergipe. Esses estados abrigam os principais tipos de depósitos com potencial econômico de ETRs, conforme levantamentos do SGB, da Agência Nacional de Mineração (ANM) e de estudos técnicos consolidados.

As terras raras são um grupo de 17 elementos químicos com propriedades similares encontradas em alguns minerais. São definidos como terras raras os 15 lantanídeos, além do escândio e do ítrio. Os principais elementos são os utilizados para fabricação dos ímãs magnéticos, que são o neodímio, praseodímio, térbio e o disprósio. Os elementos terras raras são encontrados como produtos secundários em depósitos de outros bens minerais, principalmente em depósitos de nióbio e fosfato (PO4). Dos mais de 200 minerais que contêm ETR, apenas alguns têm potencial para formar depósitos econômicos desses elementos e são explorados atualmente: bastnaesita, monazita, xenotímio e loparita. Apesar de não serem escassos na natureza, os elementos terras raras (ETR) são considerados críticos devido à complexidade dos processos envolvidos em sua extração e beneficiamento.

Os elementos terras raras são usados para melhorar a eficiência de diversos produtos de alta tecnologia e de energia limpa, com destaque para a aplicação em turbinas eólicas e motores elétricos, além da aplicação em equipamentos aeroespaciais, como satélites, foguetes e mísseis. Os elementos têm altas propriedades magnéticas, elétricas, catalíticas e luminescentes.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) desenvolve estudos para identificar áreas com potencial e impulsionar o desenvolvimento da cadeia de valor de terras raras. A principal iniciativa é o Projeto de Avaliação do Potencial de Terras Raras no Brasil, inserido na linha de atuação “Minerais Estratégicos para Transição Energética”, dentro da Ação do Programa de Aceleração do Crescimento-PAC do governo federal. Atualmente, o projeto desenvolve atividades nos estados de Goiás e Tocantins (Província Estanífera de Goiás), Minas Gerais (Província Alto Paranaíba), Bahia (Província Jequié e região de Prado) e Paraná, São Paulo e Santa Catarina (Vale do Ribeira). Além desse projeto, há outras pesquisas do SGB relacionadas a terras raras em áreas potenciais dos estados Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará e Piauí. A Elevação do Rio Grande também tem sido estudada. Em todo o país, o SGB realiza pesquisas sobre o potencial mineral e identifica áreas com indícios favoráveis à presença de elementos terras raras e outros minerais estratégicos.

Em Araxá (MG), os minerais com terras raras nas rochas alcalinas são apatita e calcita. Na região de Poços de Caldas (MG), há diversas empresas de mineração pesquisando para terras raras e já identificaram recursos de 950 milhões de toneladas com teor de 0,25% de TREO. As pesquisas do SGB também indicam ocorrências de terras raras no município de Tapira (MG), conhecido pelas mineralizações de fosfato, nióbio e titânio. Já em Goiás, o SGB cita o município de Minaçu (GO) como destaque, com recursos estimados de 910 milhões de toneladas. É a primeira mina fora da Ásia a operar um depósito de argila iônica – um tipo de mineralização considerada a principal fonte de terras raras pesadas do mundo e que possui o processo de extração de ETR com maior rentabilidade. Até então, apenas a China produzia terras raras em depósitos desse tipo. A mina de Serra Verde possui recursos medidos de cerca de 22 milhões de toneladas, conforme o relatório técnico da empresa de 2015.

O termo produção industrial de terras raras refere-se ao conjunto de operações, como processos físicos, químicos e metalúrgicos, necessários para transformar minérios contendo ETRs em produtos comercializáveis em escala industrial, em especial os óxidos de terras raras – produtos de alto valor agregado. A Mineração Serra Verde, em Minaçu (GO), comercializa como produto final um concentrado misto de óxidos de terras raras (REO – Rare Earth Oxides), com destaque para os elementos magnéticos críticos. Em Nova Roma (GO), há um projeto com recursos de terras raras estimados em 168,1 milhões de toneladas. Além disso, há ocorrências nas regiões de Catalão (GO) e em outros corpos graníticos da Província Estanífera de Goiás (GO).

No Amazonas, há ocorrências identificadas no depósito de Seis Lagos, um depósito de nióbio com altas concentrações de terras raras. O recurso estimado é de 43,5 milhões de toneladas de ETR. É importante reforçar que a região é uma reserva legal indígena, portanto, a exploração é impedida por restrições legais, enquanto o depósito de Pitinga, no município de Presidente Figueiredo (AM), é também conhecido como distrito mineiro de vários bens minerais, dos quais a cassiterita é o bem mineral principal. Os elementos terras raras são encontradas nos minerais xenotima, gagarinita, niobidatos e fluocerita. Desses, a xenotima é o principal mineral com terras raras. Esse depósito é considerado um dos poucos com potencial expressivo de ETRs pesados, mas ainda sem exploração dedicada.

Na Bahia, o Complexo de Jequié tem depósito de bauxita conhecido e recentemente uma província mineral constatou com mineralizações de alto teor de terras raras (11,2% de TREO) associados a outros bens minerais como nióbio, urânio, tântalo, escândio, bauxita e gálio no Projeto Pelé. O depósito pesquisado pela Brazilian Rare Earth tem mineralização associada a rocha com teor de até 40,5% de TREO no Projeto Velhinhas e em rocha alterada, denominada areais de monazita que chegam a teor de 7, 9% no projeto Pelé. Além deste, na região de Prado há depósito de monazita em minerais pesados da planície costeira. No início do século passado, a região de Cumuruxatiba foi produtora de monazita.

Por último, em Sergipe, na porção norte do estado, há depósito de monazita em minerais pesados em antigos cordões litorâneos e dunas do delta do Rio São Francisco. Há recursos JORC totais de 196 milhões de toneladas com 0,4% de concentrado de monazita. Este é um novo projeto na região.

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05/08/2025 01:00h

A produção do Minas-Rio cresceu 7% no segundo trimestre de 2025, impulsionada pela maior recuperação de massa e estabilidade operacional, com EBITDA de US$ 561 milhões, enquanto as operações de níquel se mantiveram estáveis e seguem em processo de venda.

O Sistema Minas-Rio produziu 13,1 milhões de toneladas no primeiro semestre de 2025, um aumento de 7% em relação ao mesmo período do ano anterior. O resultado é fruto da maior recuperação de massa na planta de beneficiamento, impulsionada pela menor variabilidade do minério, maior teor de ferro, disciplina operacional aprimorada e estabilidade garantida pela maior disponibilidade de equipamentos. O EBITDA do Minas-Rio alcançou aproximadamente US$ 561 milhões, 7% a mais em comparação com os seis primeiros meses de 2024, impulsionado principalmente pelos maiores volumes de vendas e pela redução de custos unitários, reflexo da desvalorização do Real e do aumento da produção.

As operações de níquel em Barro Alto e Niquelândia (GO) se mantiveram estáveis, com 19,3 mil toneladas produzidas no primeiro semestre de 2025. O EBITDA do negócio de níquel alcançou cerca de US$ 43 milhões, um aumento de 5%, comparado ao primeiro semestre do ano passado. O resultado também reflete maior volume de vendas e menor custo unitário, em função de melhor eficiência de custo, menor preço dos insumos e desvalorização do Real. As unidades seguem em processo de venda, conforme anunciado anteriormente.

“Nosso desempenho no Brasil embasa a estratégia de transformação da Anglo American global, em busca de uma empresa cada vez mais segura, sustentável e que gera valor a todas as partes relacionadas ao nosso negócio. Sabemos que o minério de ferro premium produzido pelo Minas-Rio ocupa uma posição estratégica no cenário mineral global, contribuindo para a descarbonização na cadeia produtiva do aço e para transição energética. Estamos confiantes que seguiremos cumprindo o nosso propósito de forma responsável, colaborando com o desenvolvimento do nosso país”, afirma Ana Sanches, presidente da Anglo American no Brasil. A previsão de produção da companhia para o Minas-Rio em 2025 segue entre 22 e 24 milhões de toneladas e, para o negócio de níquel, permanece entre 37 e 39 mil toneladas.

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26/07/2025 03:30h

O SGB inicia pesquisas de minerais críticos como terras raras, fosfato e nióbio no oeste de Minas Gerais, impulsionando a geologia e a mineração na região.

O Serviço Geológico do Brasil (SGB) iniciou, em julho, pesquisas no oeste de Minas Gerais para investigar áreas potenciais e ocorrências de minerais críticos, como terras raras (ETRs), fosfato e nióbio, além de outros bens minerais estratégicos, incluindo titânio, alumínio, cobre, ouro e diamantes. Os recursos minerais são essenciais para novas tecnologias, como carros elétricos, turbinas eólicas e equipamentos eletrônicos. Os estudos integram o projeto “Geologia e Avaliação do Potencial Mineral da Província Ígnea do Alto Paranaíba”, desenvolvido no âmbito do Programa Mineração Segura e Sustentável, Ação Pesquisa Mineral do Novo PAC. As atividades são realizadas nas áreas dos complexos alcalino-carbonatíticos de Serra Negra, Salitre I, II e III, Araxá e Tapira, bem como nas unidades subvulcânicas e piroclásticas do Grupo Mata da Corda. “Essas unidades geológicas são reconhecidas pelo elevado potencial mineral, incluindo a possível presença de ETRs em argilas iônicas formadas por intemperismo químico”, explica o pesquisador em geociências Paulo Dias. Os dados obtidos vão ajudar a entender melhor o potencial mineral do local e apoiar decisões do setor público e privado.

A iniciativa está alinhada com as diretrizes e metas de documentos estratégicos do setor mineral e com o programa mineração segura e sustentável, além de contribuir diretamente para o avanço do conhecimento geológico e o desenvolvimento sustentável do setor mineral brasileiro. Os trabalhos são realizados pelo Departamento de Recursos Minerais, por meio da Gerência de Geologia e Recursos Minerais de Belo Horizonte.

A equipe do SGB composta pelos pesquisadores Paulo Dias, Joana Magalhães, Raianny Ferreira, Cassiano Castro e Francisco Vilela realizou visita técnica ao Complexo Alcalino-Carbonatítico de Salitre, em parceria com a Mosaic, representada pelos geólogos Rodolfo Gonçalves, Giovanna Moreira e Carla Grasso, que conduziram a visita de campo à mina e seu entorno, apresentando testemunhos de sondagem e os principais aspectos geológicos da região. A atividade foi essencial para alinhamento técnico e padronização do conhecimento geológico da equipe do SGB, além de fornecer subsídios importantes para o planejamento das próximas etapas investigativas com foco nos dados geofísicos e geoquímicos da área. As próximas fases do projeto incluem novos trabalhos de campo nos afloramentos, depósitos e minas associados ao Grupo Mata da Corda, bem como a caracterização estratigráfica e mineralógica dessa unidade, com base em testemunhos doados ao SGB.

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22/07/2025 00:00h

Com R$ 70 bilhões em investimentos, o plano Novo Carajás da Vale mira ampliar a produção de minério de ferro e cobre no Pará, gerando impacto econômico, mas enfrenta desafios em sustentabilidade e relações com comunidades locais

No ano em que completa 40 anos do primeiro embarque de minério de ferro proveniente da mina de Carajás, a Vale desenhou um ambicioso plano de expansão na região, denominado Novo Carajás, para o qual estão previstos investimentos da ordem de R$ 70 bilhões, no período de 2025 a 2030. O plano está voltado principalmente ao aumento da produção de minério de ferro e expansão da produção de cobre. A expectativa é que o plano de expansão possa gerar um impacto significativo na economia do Pará, com estimativas de R$ 80 a R$ 100 bilhões por ano e um aumento de R$ 15 bilhões nas exportações do estado.

A Vale admite que a expansão na Amazônia, especialmente a duplicação da Estrada de Ferro Carajás, tem gerado controvérsias e desafios, incluindo impactos em terras indígenas e comunidades locais, e que tem enfrentado críticas e discussões sobre seus pedidos de exploração em terras indígenas e o relacionamento com esses povos.

No entanto, segundo a empresa, o seu plano na Amazônia “é um grande investimento para aumentar a produção de minerais estratégicos para a transição energética global, ao mesmo tempo em que busca alinhar essa expansão com uma agenda de sustentabilidade e desenvolvimento econômico regional”.

Uma das iniciativas na região contempla mineração circular, como é o caso do projeto Gelado, já em operação. Até 2030, a Vale prevê que 10% de sua produção total de minério de ferro seja composta por produtos de mineração circular.

“O Projeto Gelado, que deverá atingir até 2030, uma produção de 6 milhões t/ano, resultante do reaproveitamento de rejeito, terá um papel fundamental nessa meta, em direção a uma mineração sem rejeitos e produtos com baixa pegada de carbono”, destaca Gildiney Sales, diretor do Corredor Norte da Vale. Com investimento de US$ 428 milhões, o Projeto Gelado produz minério a partir do reaproveitamento de rejeitos acumulados na barragem do Gelado ao longo dos 40 anos de operação da Vale em Carajás.

Além disso, a previsão é que, até 2027, 100% da produção de minério de ferro no Pará seja feita sem uso de água. Atualmente, 90% da produção de minério de ferro no Estado, que envolve as operações Serra Norte, Serra Sul (S11D) e Serra Leste, já operam a seco, sem o uso de água.

200 milhões de toneladas de minério de ferro

Em minério de ferro, a expectativa é que a capacidade de produção evolua para 200 milhões de toneladas/ano até 2030, adicionando 20 milhões t de capacidade na mina Serra Sul (S11D), compensando o esgotamento de outras minas que atualmente estão em operação. O objetivo da Vale é manter elevados níveis de produção em Carajás, porque o minério de ferro de alta qualidade é considerado crucial para a produção do chamado “aço verde”, com menor pegada de carbono. Hoje, graças ao Sistema Norte, a Vale tem pelo menos dois produtos considerados nobres no mercado, que são os Finos de Carajás (um produto com 65% Fe e baixos níveis de contaminantes como sílica, alumina e outros) e o Brazilian Blend Fines (com 62% Fe e baixa alumina, produzido a partir da mistura dos finos de Carajás e minério com alta sílica).

Atualmente, o Sistema Norte é responsável por mais da metade da produção de minério de ferro da Vale. Em 2024, de um total de 328 milhões de toneladas produzidas pela empresa, 177,5 milhões t foram aportadas pelos três complexos localizados no estado do Pará, sendo cerca de 94,5 milhões de toneladas em Serra Norte (incluindo Serra Leste) e 83 milhões t no complexo S11D.

De acordo com a empresa, o plano Novo Carajás “enfatiza a mineração a seco, uma abordagem tecnológica que busca um modelo de mineração mais responsável, especialmente por estar na Amazônia, em resposta a preocupações crescentes com segurança e meio ambiente”. Além disso, a Vale afirma que “se compromete a proteger a Amazônia em colaboração com comunidades locais, especialistas e organizações, e apoia iniciativas de bioeconomia na região”.

Atualmente a Vale possui três complexos de mineração de ferro em Carajás: o complexo da Serra Norte (que completou 40 anos de operação), o Serra Sul, conhecido como S11D, que opera desde 2016, e o Serra Leste, de operação mais recente, que produz desde 2014. Além disso, a empresa tem um projeto greenfield, ainda em fase de estudos de pré-viabilidade, que é o Serra do Rabo.

Em Serra Norte, as concessões minerárias abrangem uma área de 30 mil hectares, todas inseridas na área da FLONACA (Floresta Nacional de Carajás), enquanto Serra Sul tem 98.910 hectares (incluindo a área do projeto Serra do Rabo) e Serra Leste 9.915 hectares.

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20/07/2025 00:00h

Novo estudo do SGB revela expressivo potencial de titânio em regolitos no Paraná e Santa Catarina, abrindo caminho para a exploração desse mineral estratégico no Brasil

Um levantamento recente do Serviço Geológico do Brasil (SGB) revelou potencial significativo para a ocorrência de mineralizações de titânio em regolitos – camadas de solo e rochas alteradas – na região oeste do Paraná e norte de Santa Catarina. A descoberta ecoa achados similares no Paraguai e posiciona o Brasil em um novo patamar na busca por um mineral estratégico, essencial para indústrias de alta tecnologia e para a transição energética global.

Conhecido por sua leveza, o titânio é resistente e tem grande durabilidade também e é um componente vital em setores que vão da aeroespacial à medicina, passando pela indústria de tintas e pigmentos. Apesar de sua importância, o Brasil ainda é um importador de dióxido de titânio, uma realidade que o SGB busca reverter com pesquisas aprofundadas. A motivação para o estudo atual surgiu da constatação de que o Grupo Serra Geral, uma vasta formação basáltica que se estende pelo sul do Brasil, compartilha características geológicas com áreas no Paraguai onde depósitos supergênicos de titânio já foram identificados. Essa semelhança acendeu a luz de alerta para o potencial inexplorado em território nacional, impulsionando uma investigação detalhada que agora começa a render frutos promissores.

O SGB desenvolveu o projeto “Potencial para Mineralizações de Titânio em Regolitos no Grupo Serra Geral” e adotou uma abordagem multifacetada para mapear a incidência do mineral na região. Inicialmente, um mapa de favorabilidade foi elaborado, integrando dados geofísicos – como gravimetria e aeromagnetometria, que ajudam a identificar estruturas subterrâneas e anomalias magnéticas – e informações geoquímicas. Esse mapeamento preliminar apontou para quatro áreas de alto potencial, das quais duas foram selecionadas para um estudo mais aprofundado: o Oeste Paranaense (denominado Alvo 1) e o Sudoeste Paranaense (Alvo 2). Com os alvos definidos, a equipe do SGB partiu para o trabalho de campo, coletando centenas de amostras de solo, saprólito (rocha parcialmente alterada) e rocha em profundidades que variaram de 20 centímetros a 1,7 metro. A amostragem foi estrategicamente distribuída em malhas irregulares, cobrindo extensas áreas dos alvos 1 e 2. O material coletado foi então submetido a um rigoroso processo de análise laboratorial, utilizando técnicas avançadas como a petrografia, a difração de raios X (DRX) e o método de Rietveld para caracterização mineralógica, e a fluorescência de raios X (XRF) para a análise geoquímica dos elementos presentes. Esses métodos permitiram não apenas identificar a presença de titânio, mas também compreender a forma como ele se concentra nos solos e rochas da região.

Os resultados mostraram que a maior parte dos solos estudados (cerca de 90%) foi classificada como latossolo, um tipo de solo fértil e profundo, originado da alteração de rochas vulcânicas ricas em ferro. Nesses solos, o SGB identificou minerais de titânio como ilmenita, rutilo e anatásio, sendo a ilmenita o mais abundante em algumas das áreas de maior concentração. O que mais chamou a atenção dos pesquisadores foi o enriquecimento supergênico de titânio, ou seja, a concentração do mineral nos solos e saprólitos devido a processos de intemperismo e lixiviação de outros elementos. Os teores máximos de dióxido de titânio (TiO₂) nas amostras de solo atingiram impressionantes 9,39%, valores que se equiparam aos encontrados em minas de titânio ao redor do mundo. O estudo conseguiu delimitar com precisão as áreas de maior potencial. No Alvo 2, localizado na porção leste/nordeste do Paraná, próximo à cidade de Pato Branco, foram registradas as maiores concentrações de titânio. Uma amostra em particular, coletada em uma área de baixa declividade no entorno do Astroblema de Vista Alegre (uma cratera de impacto de meteorito), apresentou o teor recorde de 9,39% de TiO₂. A predominância de ilmenita nessa amostra reforça a similaridade com o depósito paraguaio que inspirou a pesquisa. Já no Alvo 1, situado na região centro-sudoeste, perto de Medianeira e Itaipulândia, os teores mais elevados variaram entre 7,9% e 8,1% de TiO₂. Nesses locais, a concentração de titânio parece estar ligada a depressões topográficas e proximidade de drenagens, indicando que o transporte e o acúmulo de material erodido desempenham um papel crucial na formação desses depósitos.

A identificação de depósitos de titânio em regolitos, com teores comparáveis aos de minas globais, abre novas perspectivas para a exploração e produção desse mineral estratégico no país. A pesquisa não apenas confirma o potencial da região da Serra Geral, mas também aponta para a necessidade de aprofundar os estudos sobre a forma de ocorrência do titânio nos solos e aprimorar as técnicas de prospecção. O entendimento dos processos geomorfológicos e de intemperismo que levam à concentração do titânio é fundamental para otimizar futuras campanhas exploratórias. Com os resultados, o Brasil pode reduzir sua dependência da importação de dióxido de titânio e fortalecer sua posição no mercado global de minerais. Com o avanço das pesquisas e o investimento em tecnologias de extração, o titânio escondido nos solos do Paraná pode se tornar um novo motor para o desenvolvimento econômico e tecnológico do país, impulsionando indústrias e gerando empregos. Este informe é um passo crucial nessa jornada, fornecendo a base científica necessária para transformar o potencial em realidade e consolidar o Brasil como um player importante no cenário mundial do titânio.

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16/07/2025 01:00h

Cristais de quartzo de Cristalina (GO) recebem Indicação Geográfica (IG) do INPI, reconhecendo a importância econômica e cultural da produção local e impulsionando o turismo na região.

Os cristais de quartzo produzidos em Cristalina (GO) receberam o reconhecimento de Indicação Geográfica (IG) com a Indicação de Procedência (IP) pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). O produto é a 138ª IG nacional. “Foi uma conquista muito importante para nossos garimpeiros, artesãos e para a nossa cidade. Temos a maior reserva de cristal do mundo, mas ainda não tínhamos um documento que pudesse certificar de forma oficial. Agora, com a indicação de procedência da IG, podemos emitir o selo de origem do nosso Cristal”, comemora o vice-presidente da Associação dos Artesãos de Cristalina, William Souto.

A cidade foi oficialmente nomeada a Capital Goiana dos Cristais, em 2024. A lapidação dos cristais e o turismo relacionado correspondem a entre 5% e 10% do PIB do município, segundo o governo local. O mineral da região é diferenciado graças à variação do cristal, chamado de lemuriana. Ele é caracterizado por uma série de linhas, parecidas com códigos de barras. Segundo a coordenadora de Tecnologias Portadoras de Futuro do Sebrae, Hulda Giesbrecht, esse reconhecimento potencializa o reconhecimento da região. “Com a IG, Cristalina ganha reconhecimento nacional, podendo atrair mais interessados no produto e incentivando a região a investir na lapidação do cristal e em outras atividades relacionadas, como o turismo”, avalia.

Os bandeirantes paulistas encontraram, em 1797, uma serra com uma enorme quantidade de cristais de rocha de todos os tipos e tamanhos espalhados pelo chão. Como o intuito era encontrar ouro, o mineral da região não foi explorado. Em 1879, os franceses Etienne Lepesqueur e Léon Laboissière enviaram amostras de cristais para Paris, onde foram vendidas por bom preço. Devido à pureza e qualidade, os cristais foram transformados em instrumentos de ótica e peças de artesanato para enfeitar as casas da burguesia francesa.

A partir daí, trabalhadores e comerciantes formaram o Arraial de São Sebastião da Serra dos Cristais, elevado à categoria de município em 1917. Segundo a Associação dos Artesãos de Cristalina, a atividade de lapidação e comercialização dos cristais permitiu a criação do Mercado do Cristal, especializado na venda de itens produzidos na cidade. As Indicações Geográficas (IG) são ferramentas coletivas de valorização de produtos tradicionais vinculados a determinados territórios. Elas possuem duas funções principais: agregar valor ao produto e proteger a região produtora. O sistema de Indicações Geográficas promove os produtos e sua herança histórico-cultural, que é intransferível. Essa herança abrange vários aspectos relevantes: área de produção definida, tipicidade, autenticidade com que os produtos são desenvolvidos e a disciplina quanto ao método de produção, garantindo um padrão de qualidade. Tudo isso confere uma notoriedade exclusiva aos produtores da área delimitada.

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11/07/2025 22:00h

Análise aponta perdas diretas de US$ 2,2 bilhões anuais para produtos siderúrgicos e minerais transformados.

A imposição de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros pelos Estados Unidos representa um choque operacional direto para o setor mineral nacional, especialmente para a Indústria de Transformação Mineral (ITM) e produtos siderúrgicos. Com exportações da ITM para os EUA totalizando US$ 2,89 bilhões apenas no terceiro trimestre de 2024, a medida tornará instantaneamente não competitivos os produtos brasileiros de maior valor agregado no mercado americano. O setor de ferro e aço semi acabado, que movimenta cerca de US$ 3 bilhões anuais para os Estados Unidos, enfrentará um custo adicional de aproximadamente US$ 1,5 bilhão, inviabilizando grande parte desse comércio.

A estrutura de custos da mineração brasileira não comporta um aumento tarifário dessa magnitude sem comprometer fundamentalmente a viabilidade econômica das operações voltadas ao mercado americano. Para produtos siderúrgicos semi acabados, as margens operacionais típicas de 15-20% serão completamente eliminadas, forçando uma reorientação imediata dos fluxos de produção. As usinas siderúrgicas integradas, que dependem do mercado americano para escoar produtos de maior valor agregado, precisarão redirecionar sua produção para mercados alternativos ou reduzir escalas operacionais.

O minério de ferro, principal commodity mineral brasileira com produção de 378,5 milhões de toneladas em 2023 e receita de US$ 30,5 bilhões, apresenta menor exposição direta devido à concentração de vendas no mercado chinês. No entanto, a análise técnica indica riscos secundários significativos através da perturbação das cadeias globais de aço. A Vale, com capacidade produtiva de 400 milhões de toneladas anuais, mantém diversificação geográfica que limita o impacto direto, mas operações como o Sistema Norte (Carajás - Ponta da Madeira) podem enfrentar pressões indiretas via volatilidade de preços internacionais.

A produção de nióbio brasileira, concentrada principalmente na CBMM em Araxá (MG) com 586,3 mil toneladas anuais, representa um caso técnico único. O Brasil detém mais de 90% das reservas mundiais economicamente viáveis, e os Estados Unidos dependem 100% de importações para aplicações críticas em super ligas aeroespaciais e componentes de defesa. A aplicação de tarifas sobre nióbio seria tecnicamente contra produtiva para a indústria americana, conferindo ao Brasil posição estratégica neste segmento específico.

O setor de cobre brasileiro, com produção concentrada nas operações da Vale em Carajás (Salobo e Sossego) totalizando 180,4 mil toneladas anuais, enfrentará impactos operacionais significativos. Com exportações para os EUA estimadas em US$ 400 milhões anuais, o custo adicional de US$ 200 milhões eliminará a competitividade frente a fornecedores alternativos. As operações de cobre, que requerem investimentos intensivos em tecnologia de processamento, podem ver seus planos de expansão reavaliados, especialmente o projeto de US$ 1,1 bilhão da Vale em Salobo.

A cadeia produtiva do alumínio brasileiro, desde a extração de bauxita até a produção de alumina refinada, será severamente impactada. O Brasil fornece 59% da alumina importada pelos Estados Unidos, com receita anual estimada em US$ 600 milhões. As refinarias de alumina, operações de alta intensidade energética localizadas principalmente no Pará, enfrentarão perdas diretas de US$ 300 milhões. Estas plantas, que operam com margens apertadas devido aos altos custos energéticos, podem ser forçadas a reduzir utilização de capacidade ou buscar mercados alternativos com menores preços de realização.

A análise da distribuição geográfica da produção mineral revela que Minas Gerais (35,8% das exportações) e Pará (27,1% das exportações) concentram as operações mais expostas às tarifas americanas. Em Minas Gerais, o Quadrilátero Ferrífero abriga complexos integrados de mineração e siderurgia que dependem parcialmente do mercado americano para produtos acabados. No Pará, a Província Mineral de Carajás, com suas operações de ferro, cobre e níquel, pode enfrentar ajustes operacionais significativos, especialmente nas linhas de produtos transformados.

O impacto operacional se estenderá para a cadeia de fornecedores especializados do setor mineral, estimada entre 1.580 e 2.185 empresas distribuídas em categorias como equipamentos de mineração, peças de reposição, serviços de manutenção e tecnologia de processamento. Fornecedores de equipamentos pesados, sistemas de automação e serviços técnicos especializados podem enfrentar redução de demanda conforme as mineradoras ajustam seus planos de investimento e manutenção em resposta à perda de receita no mercado americano.

A estrutura de custos operacionais da mineração brasileira, com OPEX médio de US$ 25-35 por tonelada para minério de ferro e US$ 2.500-3.500 por tonelada para cobre, não permite absorver aumentos tarifários de 50% mantendo viabilidade econômica. Operações marginais, especialmente minas com teores mais baixos ou custos logísticos elevados, podem ser forçadas a suspender atividades ou reduzir escalas produtivas. O setor, que emprega 221 mil pessoas diretamente, pode enfrentar ajustes de força de trabalho concentrados em operações de beneficiamento e transformação mineral.

A capacidade instalada de processamento mineral brasileiro, dimensionada para atender mercados globais incluindo os Estados Unidos, enfrentará sub utilização forçada. Plantas de pelotização de minério de ferro, com capacidade total de 55 milhões de toneladas anuais, usinas de ferro esponja e aciarias integradas precisarão reconfigurar seus mix de produtos e mercados alvo. Esta reorientação operacional demandará investimentos em logística alternativa e desenvolvimento de novos canais comerciais, impactando a eficiência operacional no curto prazo.

As perdas diretas estimadas para o setor mineral brasileiro totalizam US$ 2,2 bilhões anuais, concentradas principalmente em produtos siderúrgicos (US$ 1,5 bilhão), cobre (US$ 200 milhões), outros minerais transformados (US$ 500 milhões). Estes valores representam não apenas perda de receita, mas também sub utilização de ativos produtivos dimensionados para escalas maiores. A necessidade de redirecionamento para mercados alternativos pode resultar em menores preços de realização e custos logísticos adicionais, amplificando o impacto operacional além das perdas tarifárias diretas

* Análise baseada em dados operacionais do Instituto Brasileiro de Mineração (IBRAM), Agência Nacional de Mineração (ANM), relatórios corporativos das principais mineradoras e análise de custos operacionais do setor.

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09/07/2025 00:30h

Estudo da Abisolo revela que mais de 870 empresas atuam na cadeia de fertilizantes no Brasil, com crescente foco em tecnologias sustentáveis e adaptadas às diversas necessidades do campo.

Associação Brasileira das Indústrias de Tecnologia em Nutrição Vegetal (Abisolo) divulgou o estudo “Empresas Produtoras e Importadoras de Fertilizantes no Brasil – Edição 2024” que mostrou o resultado de 872 empresas ativas do setor, que atuam na produção e importação de fertilizantes. Entre 2020 e 2024, 129 novas empresas passaram a operar no setor, com destaque para aquelas voltadas à produção de fertilizantes organominerais e orgânicos, reflexo da crescente demanda por tecnologias alinhadas à sustentabilidade e ao uso eficiente dos recursos naturais.

A maior parte das empresas está concentrada nas regiões Sudeste (50,6%) e Sul (28%), com o estado de São Paulo liderando, responsável por 34,7% dos estabelecimentos do País. O levantamento também demonstra a diversidade de portfólios: 718 empresas atuam com fertilizantes minerais, 388 com organominerais, 476 com orgânicos e 11 com biofertilizantes. Outro destaque é a variedade de modos de aplicação contemplados pelas empresas. Das 872 identificadas, 687 têm produtos para aplicação via solo, 547 via folha, 126 via sementes, 160 via fertirrigação e 31 via hidroponia. Esses números demonstram a capacidade do setor em oferecer soluções adaptadas às diferentes realidades do campo.

Mais de 75% das empresas iniciaram suas atividades após o ano 2000, sinalizando uma indústria jovem, inovadora e em plena expansão. O estudo possibilita compreender a estrutura do mercado nacional de fertilizantes, para orientar políticas públicas em prol do setor. Ao mapear as empresas ativas e seus segmentos de atuação, a Abisolo diz contribuir para a valorização de uma indústria estratégica, que possui tecnologias de ponta disponíveis para a produção de alimentos em um país marcado por diferentes solos, climas, culturas agrícolas e perfis de produtores. Esse cenário reforça o compromisso da Abisolo com a Produtividade Inteligente conceito que orienta o setor de Fertilizantes Especiais na entrega de soluções alinhadas à eficiência, à inovação e às necessidades reais do campo brasileiro. Para acessar o conteúdo completo do Anuário Brasileiro de Tecnologia em Nutrição Vegetal 2024 www.abisolo.com.br/anuario.

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05/07/2025 03:00h

O encontro marcou a primeira reunião de alinhamento entre a equipe do MME e a Frente Parlamentar, que tem atuado como ponte entre o setor produtivo, o Congresso Nacional e o governo federal.

A Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin) deu mais um passo importante para garantir que o setor mineral esteja alinhado com as demandas da transição energética e do desenvolvimento sustentável. Em reunião com o Ministério de Minas e Energia (MME) no dia 2 de julho o deputado Zé Silva, representando a FPMin, iniciou o diálogo técnico para contribuir com a elaboração da nova política mineral brasileira.

O encontro marcou a primeira reunião de alinhamento entre a equipe do MME e a Frente Parlamentar, que tem atuado como ponte entre o setor produtivo, o Congresso Nacional e o governo federal. A proposta em construção tem como objetivo fortalecer toda a cadeia de valor dos minerais críticos e estratégicos, considerados essenciais para a geração de energia limpa, a inovação tecnológica e a segurança alimentar. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, reafirmou o compromisso de entregar ainda neste ano uma política mineral moderna, segura e voltada à geração de empregos e à transição energética. O secretário nacional substituto de Geologia, Mineração e Transformação Mineral, Anderson Arruda, destacou o papel da FPMin no processo e afirmou que a Frente tem sido uma parceira fundamental para construir uma política que atenda às necessidades da indústria nacional com responsabilidade socioambiental.

Durante a reunião, o MME apresentou as diretrizes iniciais da proposta, que busca tornar o Brasil mais competitivo e atrativo para investimentos em todas as etapas do setor mineral, desde a pesquisa até a transformação mineral. A iniciativa também pretende agregar valor às matérias-primas nacionais e ampliar o protagonismo do Brasil no cenário internacional da economia verde. A FPMin reforça seu compromisso com uma mineração responsável, transparente e essencial para o desenvolvimento sustentável do país. A Frente continuará atuando de forma ativa na construção dessa política, ouvindo especialistas, o setor produtivo e a sociedade civil para garantir que o Brasil aproveite seu potencial mineral de forma estratégica e sustentável.

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03/07/2025 01:11h

Depois de duas décadas, documento marca virada estratégica para o desenvolvimento mineral sustentável no estado

Após mais de 20 anos sem ações estruturantes para o setor mineral, o estado de Goiás inaugura uma nova fase de planejamento e gestão com o lançamento do Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM-GO). Lívia Parreira, Coordenadora do Plano e gerente de Projetos Estratégicos do Setor Produtivo, da Secretaria de Indústria, Comércio e Serviços do estado de Goiás, explica que o PERM é uma resposta moderna e técnica à urgente necessidade de se pensar o setor mineral goiano com visão de longo prazo, responsabilidade ambiental e protagonismo regional.

"O último plano havia sido publicado em 1991, e desde 2002 não se realizava nem mesmo um diagnóstico estruturado do setor mineral em Goiás", destaca Lívia Parreira, acrescentando que "embora a Constituição Estadual em seus artigos 140 e 141 já previsse essa necessidade, o estado ficou mais de duas décadas sem um instrumento que norteasse o desenvolvimento mineral."

A retomada da política mineral começou em 2021, com um convênio firmado entre o Governo de Goiás e a Sudeco, com a contratação da Universidade Federal de Goiás, Universidade Estadual de Goiás e Universidade Federal de Catalão. O objetivo: elaborar um amplo diagnóstico do setor. O projeto "Mapeamento de Oportunidades do Setor Mineral em Goiás 2022–2042", coordenado por mais de 50 pesquisadores de instituições como a UFG, UEG, UFCat e UFPA, gerou mais de mil páginas de estudos temáticos sobre o panorama mineral do estado. Os eixos abordados foram Contexto Histórico da Mineração em Goiás, Contexto da Geologia, Arcabouço Legal da Atividade Mineral, Economia Mineral, Substâncias Minerais Exploradas, Mapeamento de Oportunidades e Relatórios dos Debates e Discussões nas oficinas e seminários.

Este trabalho será apresentado oficialmente durante o 9º Encontro Nacional da Média e Pequena Mineração e a feira BRASMIN, no final de junho de 2025. "Esse diagnóstico é um dos pilares do PERM-GO. Nele mapeamos desde o contexto geológico e legal até os gargalos enfrentados pelo setor, as oportunidades latentes e os anseios das comunidades locais", explica Lívia Parreira.

A elaboração do plano também contou com um inédito processo de escuta pública, com 18 oficinas em 17 municípios mineradores, somando cerca de 1.300 participações diretas. "Esse processo foi fundamental para dar legitimidade e territorialidade ao plano", pontua a coordenadora. Os relatórios, fotos e sugestões coletadas estão disponíveis publicamente no site do PERM-GO.

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